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BARCO

Performance.

Construção de um corpo expandido, vegetal, de um corpo alinhavado e temporário. Costura de raizes de árvore sobre a pele.

uma planta nasce no braço de uma mulher

Há uma nudez nisso tudo, um corpo opaco e acidental. 

(…)

Ela me contou um segredo enquanto batia os punhos moles contra a barriga, há nisso tudo uma nudez opaca um fio a tua raiz e aí eu quero saber qual é o lugar qual é o peso, nem espelho ou cadáver nem corpo fechado em si totalizado, quero saber dessa instabilidade e fragmento, desse devir e permanência, quero uma inspeção minuciosa de todos os discursos, quero, quero a autópsia disto que monto e que se solta, disto que é você que sou eu e que carrego. 

mulher costura planta no braço
mulher apoia agulha e dedal no braço para costurar a raiz
planta costurada
mulher pendura planta costurada
mulher sentada costura planta
mulher sorri com a planta costurada no braço

Ele era construtor de navios, meu bisavô, arregalava os olhos azuis por trás das lentes grossas, se enforcou numa árvore na margem direita do rio Ijuí. 

Ele era pedreiro, 22 anos, 5 tiros, 3 na cara, meu melhor amigo. Ele tinha um peixe na mão esquerda. 

Ele era menino, meu namorado, 17 anos, um tiro na barriga e aquela água toda vermelha correndo pelas pernas.

Ele era palhaço, um tiro no peito, seco, na porta da minha casa.

Ele era meu primo, o mais bonito, morreu com um saco na cabeça. 

Ele era meu avô, dividíamos chapéu, lagartixa, praia e pudim. Morreu sozinho.

Ela era costureira, minha avó, morreu cega ouvindo o mar.

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