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FÁBIA KARKLIN

Atualizado: 20 de ago. de 2022

Fábia Karklin - KA

(Fábia Nogueira de Paula)

São Paulo/SP. Brasil, 1979 Graduada em Ciências Sociais (UNICAMP) e especializada em Jornalismo Cultural (PUC-SP), Fábia é artista multimídia e produtora cultural. A artista pesquisa a construção de subjetividades a partir da rua, do corpo, dos encarceramentos e deslocamentos. Seu trabalho tem por objetivo investigar as potencialidades dos encontros nos espaços públicos. Coordenou projetos de arte-educação com enfoque para ações de rua e é a partir da rua que cria obras sonoras, instalações, performances, fotografias e audiovisual.

Desenvolve projetos gráficos de forma autônoma há mais de 10 anos, tendo assinado capa, diagramação e projeto gráfico dos livros "Verdes Anos" e "Grades de Dentro" de Margarida Helena Nogueira, "O sonho curto dos näpe e a pandemia", de Rafael Afonso da Silva e foi capista do livro "Ventos que sacodem Marx: sobre colonialismo, nacionalismo e racismo nas páginas irlandesas de Marx", do mesmo autor.

Em seu perfil no instagram @pelaquinadopassarinho publica suas ilustrações e desenhos.

Fábia integrou o grupo de estudos MOLA - Arte e Tecnologia, coordenado por Fernando Velazquez e Lucas Bambozzi, no qual iniciou sua trajetória artística. Suas principais exposições coletivas foram Periscópio (Zipper Galeria e EAC - Montevideo), Maratona de Performances II (Da Haus), e Eutransmeio (Temporária Galeria). Participou de quatro residências artísticas: Residência Sala-Taller (EAC- Montevideo), Residência Subversiva (Travessa Roque Adóglio). RAM - Mutuca (Altamira - Minas Gerais), Kaayasá/Mola.

Desde 2019, desenvolve pesquisa sobre encarceramento e corpo, tema que se desdobrou durante residência artística no Espacio de Arte Contemporáneo em Montevideo. Sua última exposição CUANDO ELLOS DEJARON DE GRITAR integrou a T39 - EAC, em novembro de 2021.

Como produtora, idealizou, produziu e fez a curadoria da Casa dos 3, espaço de diálogo e exibição de artistas nas diversas linguagens e atuou por três anos na Travessa Roque Adóglio, em São Paulo, em ações de transformação do território e na geração de novas relações. É a criadora e produtora do festival Mulheres na Travessa - Travessia, evento protagonizado por Mulheres Cis e Trans, dedicado a geração de espaços de encontro, de escuta, de exposição de criações de mulheres a partir da perspectiva dos feminismos, que em 2021, completou seu quarto ano.

Seus trabalhos são alimentados por encontros reais e literários. Gaston Bachelard é um de suas principais referências. Há alguns anos conta que resolveu procurar lugares, cantos escondidos, esconderijos como os de Gaston Bachelard, em A Poética do Espaço e nesta busca encontrou uma série deles, um grupo de casas-naves, lugares de comunicação, de trânsito e permanência. Criou imagens de Casas-trajeto, redes de transmissão, áreas de dobras e rupturas.

Esses esconderijos viraram uma série chamada Objetos Voadores e estão disponíveis em seu site, neste link https://www.fabiakarklin.com/objetosvoadores



Fábia nasceu em São Paulo e morou a metade de sua vida na Liberdade/Glicério. Ali criou suas primeiras rupturas e deslocamentos. Registrada com o sobrenome Nogueira de Paula, experimentou diálogos com seus antepassados. O nó da Nogueira, do avô materno, Armando de Oliveira Nogueira, duas árvores juntas, comida e casa. O advogado andarilho a ensinou o trânsito, a conversa doce, o habito de registrar sons do cotidiano e de passear com livros. Com o avô de Jaú, Onofre Ananias de Paula, pintor de quadros e paredes, abriu outra conversa, o olhar, o cheiro de café e a terra vermelha. Nofre a convidava para ver a pequena garagem cheia de plantas e quadros e foi a partir das suas histórias que começou a pensar nas masculinidades e suas imposições. Dos nomes e existências desses dois homens, Fábia ganhou a escuta das diferenças.


Decidiu ao se reconhecer como artista, usar o sobrenome da avó materna, Emma Karklin. Emma, costureira, alfabetizada até a quarta-série, filha de imigrantes letos, mudou-se para São Paulo nos anos 40. Emma perdeu o pai cedo e foi registrada aos 12 anos. Teve uma única filha, aos 40 anos. Na velhice, cega dos dois olhos, convidava à escuta de ruídos e inventava paisagens sonoras, tendo ao fundo a radio soviética e as leituras de Armando. A Karklin-avó recebia livros da Letônia que criaram para Fábia uma língua imaginada, um percurso poético, invenções. Emma nasceu em Ijuí-RS e morreu em Paulista-PE e em seu projeto Silêncio, a artista refez o percurso da avó, em busca da palavras do silêncio.


O encontro com os Karklin, com Emma e seu deslocamento, abriram novas camadas de diálogo. Em Paulista-PE encontrou a poeta Ceci de Melo Alencar e dela ganhou um presente, um poema traduzido do leto por Emma especialmente para ela. No poema, cavalos velozes e palavras preparavam-se para uma festa. Deste encontro nasceu o trabalho Concha para Cavalos e o texto A Boca PLOP. Para conhecer o trabalho, entre na página https://www.fabiakarklin.com/concha-para-cavalos



Foi nesse diálogo com os antepassados Karklin que recebeu as histórias do bisavô Andres Karklin, construtor de navios em Riga. Desta relação surgiu a obra Barco-Noukanshi, que pode ser vista aqui: https://www.fabiakarklin.com/barco-noukanshi


A artista vincula portanto seus antepassados, suas histórias e realidades à sua experiência no mundo. Estimulada pela prática da deriva, em seus aspectos revolucionários e artísticos, ela assume o impulso pelo deslocamento, pelo estar de passagem, pela eterna errância. Errar, percorrer, se espalhar, encontrar são os impulsos iniciais de suas obras e das suas experiências sobre os territórios. Surge Ka, esse não nome, esse símbolo antigo da eterna errância, esse nome provisório, essa compreensão da mobilidade e do choque dos encontros.


Ka, surge como lugar da não identificação estável de mundos, da não identificação estável do ser, surge como um ser-erro, ser-processo, ser-caminho.

Seus últimos trabalhos estão disponíveis em @pelaquinadopassarinho, perfil de ilustrações e desenhos. São desenhos inspirados pelos deslocamentos e derivas bem como pelos sonhos seus e de outres. Em diálogo com os inconscientes abertos e partilhados, dá forma a novos seres e passagens. Alguns dos trabalhos do Pela Quina do Passarinho podem ser conhecidos aqui: https://www.fabiakarklin.com/pelaquinadopassarinho




Para conhecer um pouco de Gaston Bachelard:

LUCENA, Karina de Castilhos. Uma fenomenologia da imaginação através do espaço. Nau Literária. Revista eletrônica de crítica e teoria de literaturas. Artigos da seção livre. PPG-LET-UFRGS – Porto Alegre – Vol. 03 N. 01 – jan/jun 2007. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/NauLiteraria/article/viewFile/4896/2819


ALMEIDA, Fábio Ferreira de. Bachelard e a filosofia. Trans/Form/Ação [online]. 2003, vol.26, n.2 [cited 2020-11-12], pp.85-92. Disponível em:


CARERI, Francesco. Walkscapes - O caminhar como prática estética.

https://silo.tips/download/walkscapes-o-caminhar-como-pratica-estetica


PALAVRAS-CHAVE

AMBIENTE DESLOCAMENTO ANTEPASSADOS CORPO FEMINISMOS DIÁLOGO PRISÃO ESCUTA

 
 
 

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